Nesta semana está acontecendo em Manaus o Amazonas Film Festival, festival internacional de Cinema, com aquele monte de estrangeiro famoso, e tapete vermelho de atores globais bla bla bla. Todo mundo sabe.
Eu nunca participei do festival. Sequer fui assistir. Não sei nem como ir assistir. Imaginei que existiriam ingressos. para quem quisesse assistir o festival dentro do Teatro. Mas nunca vi isso sendo divulgado… só o que sei é que a galera assiste do lado de fora, num telão. Nada sedutor. Até mandei e-mail perguntando… nunca responderam.
Esse ano me inscrevi em duas oficinas do festival: Oficina de Vídeo, e Direção de Fotografia. A inscrição pela internet, que parecia facilitar a vida, acabou me irritando. Assim que completei a inscrição, não consegui mais acessar a página das oficinas, para ver novamente o local, horários etc. Imaginei que fosse algum tipo de proteção para evitar que as pessoas se inscrevessem em várias oficinas, tirando vagas das outras. Ou pode ter sido só no meu PC, não sei.
Depois, me ligaram, dizendo que eu tinha que comparecer ao Sambódromo para completar minha inscrição. Imaginei “Ah, deve ser bem organizadinho, então tem que levar identidade etc, vou ter que preencher um cadastro, ou algo assim… pra evitar fraudes, já que é gratuito, deve ser concorrido”.
Fui, com toda a boa vontade do mundo ao Sambódromo. Cheguei numa sala, onde uma mulher loura atendia duas garotas. Ela me viu, mas me ignorou. Nada de “posso ajudar?”. Sequer um “só um pouquinho que já te atendo”. O papo correu solto, altos risos, fofocas… Esperei cerca de 35 minutos até que as garotas deixassem a mesa, e quando me aproximei, a mulher imediatamente levantou e foi entrando em outra sala. Falei “só uma pergunta! É aqui mesmo que me inscrevo pra Ofic..”, ela me cortou dizendo “É, é, comigo mesma! Espera aí”. Sentei, e esperei, mais 10 minutos, até que ela voltasse lá de dentro. Expliquei o motivo de eu estar ali, e ela simplesmente não sabia do que eu estava falando… Foi perguntar pra outras pessoas, e depois voltou dizendo “ah… não é comigo… é com a Ana Paula, em outra sala…”
FILHA DA PUTA! Saí de lá possesso. e fui até a sala indicada. A Ana Paula me atendeu prontamente, e disse que eu estava ali apenas pra responder umas 3 perguntas: Se eu tinha câmera de video. Se eu tinha câmera fotográfica. Se eu tinha notebook com software de edição de vídeo. “Só isso?” – “É que se você tiver, é pra levar”.
Não me pediram identidade, ou qualquer outro documento. Era apenas pra responder essas perguntinhas cretinas de merda. POR QUE É QUE ELAS NÃO ESTAVAM NO FORMULÁRIO DE INSCRIÇÃO NO SITE???
E JÁ QUE NÃO ESTAVA, POR QUE QUANDO LIGARAM PRA GENTE, NÃO FIZERAM DE UMA VEZ ESSAS MERDAS DESSAS PERGUNTAS?!?!? EVITANDO ASSIM QUE NOS DESLOCASSEMOS PRA BOSTA DO SAMBODROMO, NAQUELE SOL INFERNAL, PRA SER MAL ATENDIDO E PERDER NOSSO TEMPO????
Ok ok. Paciência, Thiago… São funcionárias públicas, é sempre assim…. Não são pagas pra pensar, e muito menos pra facilitar a vida da população, pelo contrário. Quanto mais burocracia, mais profissional.
Beleza, no dia marcado para o Início da Oficina, madruguei pra conseguir chegar ao Centro Cultural dos Povos da Amazônia, que fica na longínqua Bola da Suframa, no final da cidade.
Chegando lá, não encontrei vivalma que soubesse onde seria a Oficina de Vídeo, ou sequer o que viria a ser isso. Não tinha um stand do Festival, uma placa que seja, nada. Só um de um seminário de Design. Como cheguei lá bem antes, andei bastante pelo local, pra ver se encontrava uma pista. Desisti, e sentei pra esperar passar alguém. Quando já eram 8 e 5, resolvi sair à busca de novo. Encontrei um senhor que trabalhava no local, típico handyman, que era o único que sabia onde era, e fez o favor de andar comigo até lá.
Cheguei na sala com cerca de 10 minutos de atraso, mas fui o primeiro a chegar. Cumprimentei o professor, e sentei. Foram chegando umas 4 pessoas. e a organização do curso veio perguntar se conhecíamos alguém interessado em fazer “Ah, é que muita gente se inscreveu em varias oficinas, e acabou optando por outras”. Eu achei que não era possível se inscrever em oficinas que ocorriam no mesmo horário…. Mas obviamente, era. Maravilha de inscrição, organização… É só o sexto ano consecutivo que o festival é feito. Não deu pra aperfeiçoar ainda…
Como ter câmera e notebook não era um pré-requisito para fazer a Oficina, não foi surpresa nenhuma quando descobriu-se que ninguém levou nada disso. Mas, nada tema! A coordenação já havia separado 3 notebooks brilhando de novo, para a oficina. Acontece que… ninguém da organização sabia a senha do usuário! Ops! Mas… repetindo, são só seis anos organizando esse festival…
Mas a Oficina orientada pelo Marco del Fiol (ao lado) valeu a pena. Muito boa! Altas dicas, aula gostosa de assistir, cara simpático, colegas bacanas. Basicamente ele ensinava a fazer vídeos de qualidade com o material que a gente tivesse em casa. E a aula foi extremamente prática. Já começamos tendo que sair por aí tirando fotos, pra fazer um vídeo com elas depois. Muita gente editou pela primeira vez um vídeo. Fizemos um ótimo apanhado teórico, sobre enquadramento, cortes, grandes diretores… Muito bom. No final da Oficina (que durou 3 dias, 8 horas por dia), filmamos e editamos um vídeo, que tinha como objetivo retratar o 'clima’ (sensação) de algum lugar escolhido por nós. Podia ser em duplas, ou trios, mas acabei fazendo sozinho, porque seria mais fácil… já que eu pretendia filmar no meu bairro.
A maioria da galera acabou caindo no lugar-comum. Porto de Manaus e coisas do tipo. Coisas ‘da terra’, vídeos-postais, mas até bons. Gostei muito do vídeo de um casal, que pareceu ter gravado na memória tudo o que o Marco falou nas aulas, usou cortes interessantes (um, bem bacana, parece ter saído de um dos vídeos que o Marco mostrou) e tal.
Meu vídeo foi bem simplesinho, basicamente mostra a rua da minha casa e arredores, no momento em que o bairro ‘acorda’. Levantei às 5 da manhã pra gravar. Eu até tinha uma idéia na cabeça (e uma câmera na mão! Rá!), mas na hora de editar, fiquei completamente perdido. Mais ainda quando descobri que o vídeo deveria ter cerca de 2 minutos, e o meu tinha uns 4 já (isso que eu tinha mais de 50 minutos de material). Mas o Marco deu umas dicas muito boas “Corte seco mesmo… teu vídeo é vídeo de macho”, e o vídeo até que ficou bom. E era o único com uma certa narrativa, apesar de esse não ser o objetivo. Tá no Youtube, pra quem quiser ver:
Já tinha feito um outro vídeo no São Jorge, mas para a faculdade, em formato de comercial. É bem podreira (foi feito nas coxas, horas antes da entrega), mas é interessante… foi a primeira vez que usei Photoshop para criar um efeito a ser usado em vídeo:
Bem, completada a Oficina de Vídeo (falando nisso, não nos deram nenhuma informação sobre o Certificado), iniciou-se a oficina de Direção de Arte, com Jay Yamashita (que, se não me engano, se chama Carlos, segundo ouvi o Marco del Fiol falando, que estudou com ele no colegial). Apesar dele parecer gente fina, e ter aquele montão de equipamento legal pra mexer, não me empolguei… Um monte de colega esquisito, que não parecia fazer muita idéia do que estava fazendo ali, e aquele mooonte de explicações básicas sobre cinema (o cara teve que explicar que o cinema era feito com fotografias… que 24 quadros por segundo davam a impressão de que a imagem estava em movimento… a turma não fazia idéia disso. Cara, Castelo Rá-Tim-Bum ensinou isso.
Não estou desdenhando a Oficina, que parecia promissora no primeiro dia (apesar de ter começado com mais de meia hora de atraso, sendo eu o primeiro a chegar, novamente), e nem desprezando o conhecimento dos colegas, é só que eu já tinha feito um curso de Direção de Fotografia, na Rede Amazônica, e tudo aquilo eu já sabia. Na real só fiz a oficina porque não tinha outra melhor no mesmo horário. Bem, acabei não concluindo essa, porque estava muito cansado, e ainda teria aula na sexta, no sábado e no domingo, o dia inteiro. Vou rezar pra agüentar as 20 horas que vou passar sentado ouvindo o mesmo assunto.
Acabei de ver da janela do apartamento os fogos de artifício do encerramento do Festival. Bonito.
Abraços,
Thiago Henrik