Não vou me aprofundar muito nesse post, nem perder tempo enumerando os motivos que me levaram a esse título, pois é desnecessário. Qualquer usuário de ônibus em Manaus conhece a história, principalmente aqueles que dependem das linhas que ficam sob responsabilidade da empresa Transmanaus. Média de 1 hora de espera nas paradas, e desrespeito dentro do ônibus. Vou apenas contar o que me aconteceu nesses últimos 3 dias.
Nesse último final de semana, os ônibus da linha 102, que utilizo para ir às aulas da pós-graduação, estavam com problemas no sistema, impossibilitando a utilização da carteirinha de estudante.
No primeiro dia tudo bem, a cobradora me deixou passar pagando meia passagem. Mas no segundo dia já havia um ‘esquema’ formado pra driblar o problema: Se você pagasse 1 real AO COBRADOR, ele pedia ao motorista que deixasse você entrar pela porta traseira na parada seguinte, ou seja, sem girar a roleta. Isso me foi sugerido sem mais nem menos, e eu demorei a acreditar na cara de pau do cobrador, que embolsou meu dinheiro, e me mandou descer e subir por trás.
Estivesse eu com outro humor, teria pensado “bem, melhor pagar 1 real pra esse trabalhador, que 2 reais pra essa empresa/prefeitura de merda”, mas estava de saco tão cheio de aproveitadores e pilantras, que dei a ele mais um real e passei a roleta. Mas vi muita gente sendo cúmplice do esquema do cobrador e do motorista. Considerando o número de estudantes que dependem dessa linha, dá pra imaginar que o lucro foi bom.
Hoje fui entregar um trabalho, e ao chegar na parada de ônibus do bairro me deparei com mais de 10 pessoas esperando, inclusive crianças, que reclamavam, de voz chorosa, da demora do ônibus, e da espera ao sol. Quando finalmente o ônibus apareceu, ouvi senhoras idosas comentando a demora de mais de 1 hora. O resultado é que o ônibus lotou, como não é raro acontecer. Quando fui colocar a carteirinha, esperando que o problema no sistema já tivesse sido resolvido, tomei um susto com a grosseria do cobrador, que, aos berros, disse que não podia. Perguntei por que, e ele no lugar de responder disse que se eu estivesse ‘fardado’ ele me deixaria entrar por trás. Que hoje os estudantes estavam com passe livre. Eu respondi que tinha cateirinha de estudante e identidade, mas que faculdade não tinha uniforme. Ele não quis saber, e eu tive que pagar a passagem integral. Revoltante.
Chegando no Terminal da Constantino Nery, o ônibus simplesmente parou. Mas não foi pra que ninguem descesse. Simplesmente parou, com as portas fechadas. Sem nenhuma satisfação do que estava acontecendo. O motorista desceu, foi conversar, e deixou os passageiros trancados dentro do ônibus. Confesso que, após 15 minutos, no fundo do ônibus, um calor e abafamento horrível, as pessoas agitadas, comecei a me desesperar. Não conseguia respirar, e a minha leve e controlável claustrofobia resolveu atingir níveis alarmantes. Não sabia mais o que fazer, e cogitava abrir caminho até a janela de emergência, enquanto as as pessoas gritavam desesperadas, dizendo que ônibus estavam crianças e idosos, que por favor abrissem as portas pras pessoas descerem.
Quando a coisa começou a ficar feia, e quando os nervos se exaltaram e a vontade de depredar o ônibus ficou evidente, resolveram abrir as portas pras pessoas descerem. Depois foi preciso pedir por favor pra que alguem parasse um ônibus pras pessoas subirem. Cheguei no Centro às 11:15. Tinha saído de casa às 9:30! Foram 1 hora e 45 minutos pra me deslocar da minha casa no São Jorge até o Centro. Do São Jorge ao Centro em quase duas horas é palhaçada!
Na volta, vi o ônibus parado no sinal, e pensei que se fosse esperar outro chegaria em casa só às 2 da tarde. Corri, bati na porta da frente, que julguei ser a porta da catraca (não pude ver, pois o ônibus estava abarrotado), já conformado em ter que pagar 2 reais. O motorista abriu, subi, e descobri que era a porta errada. Ou seja, dessa vez, sem uniforme de colégio e sem apresentar qualquer tipo de carteirinha de estudante tive passagem livre. Total falta de critério. Graças a Deus.
O mais triste de tudo, foi ouvir que, enquanto alguns reclamavam, outros diziam que os estudantes não precisavam de mais de 30 passagens, ou que faziam questão de defender o prefeito, coitado, que rouba mas faz, e que não tinha nada com isso, pois não estava sequer trabalhando ainda.
Abraços do palhaço,
Thiago Henrik
Eu não ando de ônibus, mas não é por isso que vou deixar de reclamar dessa palhaçada, a culpa não é só desse, infeliz, prefeito, também é da Tim, responsável pelo sistema das catracas, das empresas de ônibus que oferecem esse serviço horrível. E dos próprios cobradores e motoristas que são, completamente, ignorantes, não digo de conhecimento, mas de postura.
Um alerta para diminuir, quem sabe acabar com essa palhaçada, é ficar atento na hora das eleições e escolher um político que preste.